sexta-feira, 30 de novembro de 2007

O leite

Houve, em tempos passados, uma polémica com o leite cá pelo 'burgo'. Muitos já o terão esquecido. E eu também, até ler agora, sobre um grande alarido no Brasil, acerca do leite embalado nas caixinhas. Embora pareça estranho, é bem verdade o que disse um cientista e investigador brasileiro sobre o assunto:

- " O leite, mesmo o natural, saído directo da teta da vaca, é prejudicial para nós, humanos. O leite foi projectado para alimentar um bezerro de 500 quilos, e nós pesamos, se muito, 100 quilos. Portanto, o leite é uma bomba de nutrientes e, em todas as suas formas, é um excesso. Se fosse para tomarmos leite de outros animais, deveríamos tomar leite de cabra, cujo proporção corporal é parecida com a nossa. Agora, imagine alimentar uma criança de berço, que normalmente não ultrapassa seus 5 quilos, com um alimento feito para um ser de 500 quilos..."

Outro, a propósito dos aditivos e conservantes misturados ao leite para conservação:

"...pode até estar certo que um copo de leite com essas sujeiras não nos afectem bruscamente, afinal o nosso organismo tem capacidade de regeneração muito eficiente mas, e a longo prazo? Essa água oxigenada e a Soda Cáustica, produzem sim o mal que não queremos que ocorra ... "
Temos visto na mídia, nestes últimos dias, um estardalhaço sobre o leite de caixinha ou leite longa vida como se fosse uma fraude, um crime hediondo o facto de haver sido encontrada água oxigenada e soda cáustica naquele tipo de leite.
Saibam os senhores consumidores e "fiscais" de plantão que não existe leite longa vida sem um componente altamente esterilizante dissolvido no leite pelo facto de que o leite é um dos meios de cultura mais potentes, ricos e eficientes que existe.
Logo que é produzido, após a ordenha, seja ela manual ou mecânica, ainda na fazenda, recomenda-se que o leite seja resfriado para prevenir, evitar, o desenvolvimento dos microorganismos presentes no próprio leite, porque ele já sai do ubre da vaca contendo esses microorganismos que precisam ser imediatamente inibidos em seu desenvolvimento, utilizando-se para isso o resfriamento, se possível em torno de quatro graus Celsius.
Ao chegar à cooperativa, o leite, após os testes de qualidade e separação de algumas matérias primas, passa pelo processo de pasteurização que consiste na elevação de sua temperatura a quase fervura, em torno de oitenta graus Celsius e a seguir é resfriado bruscamente sofrendo assim um choque térmico, eliminando a possível patogenia do leite.
Após essa operação, o leite é embalado em sacos plásticos ou vidro e remetido ao consumidor. O leite assim beneficiado tem uma validade para consumo de no máximo vinte e quatro horas.
Os procedimentos para o leite em caixinha são idênticos aos descritos acima com os seguintes "acréscimos" tecnológicos.
A embalagem é especial, a caixinha, é constituída por camadas sobrepostas, tendo entre elas uma lámina de alumínio cuja função é inibir a passagem da luz, uma camada de plástico para evitar o contato do leite com o alumínio e camadas de papel e papelão.
O leite é introduzido na caixinha num ambiente totalmente estéril. Mas, apesar de todos esses cuidados, alguns microorganismos resistem ao processo e irão multiplicar-se, provocando a decomposição do leite em tempo bem inferior ao que preconiza a embalagem, se não receber aditivos esterilizantes. Irá estragar-se, o que comumente chamamos de azedar!
Esse fenômeno só irá ser evitado com a adição de água oxigenada e soda cáustica. Não se iludam, não existe leite de caixinha ou longa vida sem a adição destas drogas em maior ou menor quantidade, dependendo da "segurança" da tecnologia de tratamento durante o beneficiamento do leite.
A água oxigenada, também conhecida como peróxido de hidrogênio é a mais inofensiva porque logo se decompõe em água e oxigênio. Provocará só uma "queima" ou oxidação mais acelerada dos alimentos.
A soda cáustica poderá provocar problemas mais sérios ao organismo, principalmente entre crianças e idosos, caso não seja utilizada dentro das mais rigorosas técnicas de segurança na dosagem da mesma, quando da sua adição ao leite.
O leite contendo a soda cáustica em excesso, ao chegar ao estômago, irá reduzir a acidez natural do líquido digestivo contido naquele órgão, obrigando uma compensação do organismo com a geração de maior quantidade de ácidos estomacais que são indispensáveis à digestão dos alimentos. A frequente ocorrência deste facto poderá redundar em gastrites e úlceras estomacais. Sendo a soda cáustica adicionada com parcimônia, obedecendo a cálculos estequiométricos rigorosos, será logo neutralizada tão logo chegue ao estômago, transformando-se em sal e água. A própria acidez natural do leite age como antídoto neutralizando a soda cáustica se não adicionada em excesso.
Não haveria motivo para tanto estardalhaço se a fiscalização fosse uma rotina, uma actividade normal e frequente de nossas autoridades e não uma excepção, uma "novidade" e se fosse dado menos espaço na imprensa para sensacionalismos deste tipo...

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